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terça-feira, 3 de abril de 2012

2º parte - Penúltimo capítulo

Dia 12/01 – Fui visitar o meu pai no Hospital, chegando lá notei pequenos inchaços nos cotovelos, chamei a enfermeira e a mesma informou que aquele edema era devido à posição que ele encontrava-se. Perguntei se estava tudo bem e ele sempre respondia que sim. Percebi que a maior parte do tempo ficava sem o oxigênio só colocava ao entardecer, então achei que estava ficando melhorzinho.

No dia anterior novamente fui vê-lo e logo fui verificar o edema, claramente dava-se para perceber que se tratava de água por isso do inchaço, chamei a médica, a mesma olhou, apertou e disse-me exatamente o que a enfermeira havia me dito. Por ele ficar somente em uma posição por muito tempo, fazia pressão nos membros por isso estava causando aqueles edemas. Naquele dia acho que perguntei para o meu pai umas trezentas vezes se não estava doendo e a resposta era a mesma, Não! Percebi também que ele estava dormindo muito, não estava conversando como de costume.


Dia 14/01 (Sábado)...Logo pela manhã fui levar a minha filha no oftalmologista, depois da consulta resolvi de uma hora para outra ver meu pai. Lembro-me que não quis ficar no ponto para pegar o ônibus devido à demora, então andei até o Hospital, não sei dizer ao certo, mas tinha algo me puxava para lá.

Chegando no quarto do meu pai, vi que ele estava ligado em uma máquina com um monte de fios para todos os lados, ele estava passando mal, suava muito, tinha ânsias de vômitos, e mal conseguia falar com a falta de ar, cheguei até aumentar o oxigênio, não sutil nenhum efeito. Ele estava em desespero, suplicou-me ajuda, fui correndo chamar os enfermeiros e os médicos.

Vi naquela bendita máquina que a sutura do meu pai caia consideravelmente e junto com ela a pressão arterial , mas do que depressa as enfermeiras vieram com a maca levaram-no para a UTI. Chegando na porta, fui impedida de entrar e ali meu pai teve uma parada respiratória, pediram-me para aguardar na recepção e logo após os procedimentos iriam chamar-me.

Entrei em desespero, chorei como ninguém já chorou nessa vida, indaguei por diversas vezes a Deus o porquê de tudo aquilo, pensei:

“Poxa vida, bem agora que ia para casa, sairia daquele lugar na segunda, porque tinha que ocorrer justo o pior naquele momento, porque tinha que acontecer tudo isso com uma pessoa tão maravilhosa!”

Passado algumas horas o médico pediu para que subíssemos, chegando lá vi que meu pai estava consciente porém permanecia com muita falta de ar, falava com muita dificuldade. Conversei com ele o que havia ocorrido e ele falou-me que de madrugada começou a sentir-se mal com fortes dores na barriga e sentia enjôos, depois disso logo pela manhã começou a respirar com dificuldades. Assim do nada, e bem na minha frente ele piorou e começou com crise, não conseguia falar e pediu para chamar a médica, logo depois ele teve outra parada respiratória.

(Recordar esse dia, ainda me causa profunda tristeza... não vou negar, ainda derramo lágrimas...)

Os médicos tiraram-me de lá, sai daquele hospital sem rumo a tomar, não queria ficar mais ai, comecei a andar sem parar até que cheguei em minha casa.

Parece que sabia como as coisas iriam ocorrer daquele dia em diante.


Dia 15/01 voltei para o hospital, chegando na UTI logo vi o leito do meu pai, cheguei mais perto ele estava com os olhos fechados, tentei acordar, sacudi e nada.

Fui conversar com uma enfermeira para saber o que estava ocorrendo, ela apenas disse-me:

“- Seu pai estava brigando com o oxigênio, fomos obrigados a induzi-lo ao coma.

Após ela terminar a frase, minhas pernas já não comandavam mais, senti que ia desmaiar a qualquer hora, e nem havia percebido que ele estava intubado. Logo depois um médico veio conversar comigo, dizendo que o estado dele era muito, muitíssimo grave, que eles tentariam fazer de tudo para melhorias, mas que se eu acreditasse em Deus, Ele era o único no momento que poderia ajudá-lo.



O médico até falou mais, só não conseguia escutá-lo comecei a passar mal também e fui levada para fora. Minha pressão por coincidência também estava baixa 8,5 se não me falha a memória, fui medicada e até um calmante me passaram.

Como não podia ficar na UTI mais que meia hora, desci para a recepção e logo meu namorado levou-me para casa depois que minha filha ligou para ele pedindo ajuda, pois realmente não estava legal.


Os dias foram seguindo e ele continuava lá imóvel, eram tantas medicações, mesmo sendo muitas tenho em minha memória todas elas.

Conversei com vários médicos e inclusive com a própria Dra. Priscila, eles explicaram que meu pai tinha um edema no pulmão que não era câncer, e sim uma bactéria que prosperou de uma hora para outra assim causando a perca da saturação.

Minha cabeça vivia cheia de dúvidas a todo o momento, não queria vê-lo daquela forma, perguntei para várias pessoas , quando ele sairia daquele coma, se ele voltaria a respirar melhor, eram diversas perguntas e poucas respostas.

Eu sabia que quando eles tirassem a intubação, meu pai voltaria do coma, mas também tinha um risco, o celebro dele entender que tinha que ficar desligado.

Olha, não desejo isso para ninguém nessa terra, a visão é dolorosa para quem está do lado de fora, nem quero imaginar como será para quem passa por essa situação. Posso garantir, não deve ser fácil de suportar, mesmo estando inconsciente l!!!

Dizem que a intubação não pode passar de 15 dias, portanto fiquei sabendo através da Fisio que meu pai faria Traqueostomia, nesse caso para ele seria a melhor opção.

Ela apenas colocou as melhores opções, acreditei que eles fariam sempre o melhor, mesmo porque com a intubação o risco dele contrair bactérias era muito maior.


No dia 29/01 meu pai entrou na sala de cirurgia para realizar esse procedimento, nossa não sei explicar quais das situações eram piores de ver.

Estava esperando ansiosa a volta do meu pai. Vê-lo com aqueles olhinhos abertos, conversar com ele, saber se estava sentindo dor, fome, frio... Era tudo o que mais queria nessa vida!!!


Orei muito em seu leito e pedi a Deus para fazer o melhor!!!

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